Alexsandro Araujo
RESUMO: Neste trabalho busco responder a uma questão proposta nos primeiros dias do curso do mestrado de sociologia da rede pública, PROFSOCIO – Fundaj, do ano de 2024. Essa pergunta parecia fácil, porém, me fez questionar o que eu sabia até aquele momento sobre o que é sociologia. Por meio de autores já conhecidos e outros apresentados na disciplina, também pude ampliar o meu conceito com bases nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCENEM), a sua participação como ciência social usada para a pesquisa e análise de dados, a imaginação sociológica de Mills (1959), e da importância de ouvir o individuo mais simples, sobretudo, com informações tão importantes e valiosas, por serem portadores da única fonte de informação, que se fossem desprezadas causariam uma grande perda para a construção de um pensamento sociologico, Martins (2014). Procurei iniciar a pesquisa como a maioria faz, por Auguste Comte, entretanto, não busquei me apoiar totalmente nos classicos da sociolgia (Marx, Weber, Durkheim). A sociolgia é uma ciencia que se utiliza da pesquisa de dados, da teoria política e da antropologia e se apoia em varios conceitos construídos ao longo do tempo, por pensadores tão importantes que ficaria dificil deixar algum autor de fora. Contudo, como forma de delimitar o trabalho optou-se por abordar alem dos já citados acima, Berger & Luckmann (2014), e o conceito da construção social da realidade; Freyre (1900), e o conceito do que é social e do que é sociologico, e Berger (1986) sobre o equivoco com a sociologia e o senso altruísta. As opiniões pessoais e abordagem da disciplina em sala de aula do mestrado serão apresentadas na conclusão do trabalho.
Palavras-chave: Sociologia, imaginação sociológica, senso comum.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho de pesquisa busca, por meio de leituras, recortes de livros, pesquisa na internet e materiais abordados nas aulas de “teoria sociológica 01”, do curso de mestrado profissional em sociologia da rede pública, PROFSOCIO – Fundaj, no ano de 2024, abordar sobre o que é sociologia e fomentar a sua importância como disciplina e como ciência social.
Para Berger (1986), é comum a confusão de alguns indivíduos em não enxergar a sociologia como uma ciência e, sim, mais como algo social e altruísta como o serviço social. Por isso, se torna necessário fazer uma abordagem do que é social e do que sociológico e do que é senso comum e o que é sociologia. Entretanto, de acordo com o autor, é possivel que algumas pessoas tenham se interessado pela sociologia por causa do altruismo.
Não desprezaremos o senso comum como conhecimento de pouco valor, Martins (2014). Todavia, as pessoas agem de acordo com o seu entendimento e interpetação da realidade, Berger & Luckmann (2014), e esse entendimento tem informações tão valiosas a respeito da vida cotidiana que não podem ser encontradas em livros nem repositórios virtuais.
O objetivo do trabalho é trazer à luz do esclareciemto o que se sabe, e o que se pensa que é a sociologia. Se faz necessario distinguir, para que não haja conclusões de forma igenua sobre o seu significado e a sua importancia para a sociedade.
Então, para que serve e qual é a importancia da sociologia nos estudos e pesquisas sociais, politicas, religiosas, culturais; qual é a sua relevância para a construção de políticas públicas e sociais?
Essa pesquisa se mostra relevante diante dos problemas que a sociologia como disciplina vem enfrentando com a sua redução de carga horária no ensino médio (Gabrieli, Pereira, & Gabriel, 2021), e o entendimento que se tem de que qualquer professor pode abordar esta matéria sem precisar de muito conhecimento. Como se não exigisse peparo e conhecimento, bastasse a boa vontade, disposição e “um bom coração”.
Entender o que é sociologia e a sua importancia para a sociedade é uma tarefa para todas as pessoas que se preocupam com os problemas sociais e procuram entede-los, Mills (1959). Que se preocupam com a educação e a introdução de um pensamento critico, de desconstrução e reconstrução, de temas delicados baseados no senso comum. Por exemplo, a politização acerca do racismo, trabalho e exploração, religião e política, entre outros.
O que é sociologia?
A sociologia é uma ciência social, seu termo foi cunhado pelo pensador positivista Auguste Comte. Seu primeiro nome foi chamado de “física social” no ano de 1822, (Dunning, 2011, pg. 12). Porém, Comte ficou enfurecido com o lançamento de um livro que levava como subtítulo: “An essay on Social Physics”, escrito pelo estatístico belga, Adolphe Quetelet, no ano de 1835. Assim, ele cunhou o termo “Sociologie”. Termo, parte grego, parte latino, para distinguir a sociologia como uma ferramenta, a qual teria que ser, mais comparativo e histórico do que estatístico.
Dunning (2011) apud Darhendorf (1959), afirma que a sociologia nasceu em crise, nasceu decomposta, em sua descrição da nova classe média, nas sociedades capitalistas.
Descrições à parte, no uso do senso comum costumasse confundir o que é social do que é sociológico. Em resumo, "social" se refere ao amplo campo das interações entre pessoas em uma sociedade, enquanto que, o "sociológico" está mais relacionado ao estudo acadêmico dessas interações e dos sistemas sociais em que ocorrem. Para , (Freyre, 1900, p. 113), como diz o Professor Hiller, “tudo o que é afetado pela associação entre seres humanos, ou por seu comportamento, seu trabalho, suas maneiras de pensar, sua presença, pode dizer-se social.
A sociologia, como ciência social, tem a Antropologia e a Ciência política como disciplinas de encruzilhada e atua nos campos sociológico, político e cultural analisando o social por meio de pesquisas e análises que podem ser tanto quantitativas quanto qualitativas.
Para Freyre (1900), o estudo da Sociologia deve iniciar-se por uma tentativa de fixação de limites, que só se consegue separando-se, tanto quanto possível, o que é propriamente sociológico do vaga e difusamente social.
Para Mills (1959), a visão das pessoas, ou a visão com que determinados indivíduos enxergam o mundo, está limitada pela sua capacidade de não compreender o que acontece além do seu redor. É o que leigo nenhum distingue bem: o sociológico do social. Para o leigo tudo o que se refere ao social é Sociologia; e todo indivíduo que se ocupa de assuntos sociais é sociólogo, Freyre (1900).
O cidadão comum tem a sua visão, sua capacidade limitada pelo cenário próximo: o emprego, a família, os vizinhos etc, Mills (1959). Entretanto, o autor reforça: a sociologia é importante demais para ficar só nas mãos dos sociólogos, ou seja, é dever de todos se apropriar da sociologia.
Sociologia e altruísmo
Berger (1986), desconstrói a visão de senso comum que algumas pessoas tem da sociologia, como se ela tivesse uma responsabilidade com o social e um elevado senso altruísta. O autor afirma que a desilusão é certa ao se depararem com a realidade da vida, do mundo da vida.
A sociologia é uma ciência e é habitualmente usada para entender e interpretar os fatos, políticos, religiosos, culturais etc. Entretanto o autor afirma que o altruísmo possa ter levado algumas pessoas a se tornarem sociólogos.
A observação que se tem de ajudar as pessoas, segundo o autor, historicamente, está relacionada ao Serviço Social, uma configuração influenciada pela Psicologia psicanalítica nos Estados Unidos.
Para Berger (1986), o serviço social qualquer que sejam as bases, constitui ação, enquanto que a sociologia não é uma ação é uma tentativa de compreensão, ou seja, não se faz necessário descer até as “profundezas mitológicas do subconsciente” das mentes dos indivíduos para entender o que é externo, por exemplo, o suicídio, o casamento etc.
Parafraseando Berger (1986), fazer sociologia também não se trata unicamente de produzir dados, embora não seja do interesse do sociólogo é sua função principal saber como interpretá-los. Para o autor, por si só os dados estatísticos não constituem sociologia.
Segundo Mills (1959), se faz necessário que haja uma imaginação sociológica que capacite seu possuidor a compreender o cenário histórico mais amplo, em termos de seu significado para vida íntima, e para carreira exterior de numerosos indivíduos.
Os cientistas políticos que leram os originais de Mills (1959), sobre imaginação sociológica sugeriram também os termos: "imaginação política"; e os antropólogos, "imaginação antropológica" - e assim por diante.
Para Berger (1986), o sociólogo se apropria da sociologia como ciência por meio de processos, métodos e metodologias para produzir o conhecimento cientifico. A metodologia constitui parte necessária e valida da atividade sociológica.
Entretanto, ao se apegar demasiadamente aos processos metodológicos pode ser que o pesquisador se distancie muito do seu objeto de pesquisa que são a sociedade e os seus indivíduos.
Isso pode acontecer pelo fato da ser uma disciplina nova e de se ter pressa em fazer ciência para mostrar resultados, (Berger, 1986).
Para (Mills, 1959), a sociologia permite a seu possuidor compreender o cenário histórico mais amplo, em termos de seu significado para vida íntima e para carreira exterior de numerosos indivíduos.
Permite-lhe levar em conta como os indivíduos, na agitação de sua experiência diária, adquirem frequentemente uma consciência falsa de suas posições sociais, (Mills, 1959).
Parafraseando o autor, o indivíduo só pode compreender sua própria experiência e avaliar seu próprio destino localizando-se dentro de seu período; para o autor, cada sujeito vive em uma determinada época, espaço e tempo.
Então, pelo fato de viver em coletividade, contribui, por menos que seja, para o condicionamento dessa sociedade e para o curso de sua história, ao mesmo tempo em que é condicionado pela sociedade e pelo seu processo histórico.
Giddens (2016), na teoria da estruturação, afirma que o indivíduo sofre influência de uma estrutura que, ao mesmo tempo em que é estruturadora de sua ação, a sua ação humana também condiciona esta estrutura. Essa perspectiva é de fato uma teoria estruturalista como o próprio nome sugere, baseada no funcionalismo Durkheimiano.
O pensamento sociológico em torno do trabalho
O professor Dr. Harvey Molotch, da New York University, introduziu o seguinte tema na aula inalgural da disciplina de sociologia: Introduction to Sociology - The Sociological Imagination, A imaginação sociológica, vídeo do You tube[1]. Segundo o professor, por meio da imaginação sociolgoica, como pode-se ver em Mills (1959), se torna possivel imaginar o seguinte:
Porquê algumas profissões pagam tão pouco enquanto outras pagam muito dinheiro? Assim, os indivíduos não optam por trabalhar nas profissões que gostariam, por exemplo, por causa do salário. Uma pessoa que gosta de cuidar de crianças pode decidir não trabalhar como babá por que ser engenheiro é mais vantajoso financeiramente. Porém, se ser engenheiro paga tão bem a ponto de influenciar na escolha da profissão, por que as mulheres ganham menos do que os homens nas mesmas atividades? E as mulheres negras, por que ganham menos do que as mulheres brancas na mesma função?
Esse pensamento faz com que a sociologia, por meios de métodos, metodologias, analises e investigação de dados, proporcione aos indivíduos um olhar mais apurado e consequentemente afastado do senso comum. Um claro exemplo é quando nos referimos ao trabalho, um dos objetos de estudo da sociologia.
Baseados no senso comum, a maioria dos indivíduos não conseguem observar o trabalho de uma forma subjetiva. Não conseguem enxerga-lo além da busca pelo salário. Embora possamos dizer que a exploração dos indivíduos por meio do trabalho não seja assim uma coisa tão subjetiva.
A sociologia por meio de teorias, como as de Marx (1982), nos deu condições de entender as relações sociais por meio dos processos produtivos da divisão social do trabalho. Termos clássicos como alienação do trabalho, exploração, luta de classes e mais valia (relativa e absoluta), nos dão condições de interpretar como a sociedade se organiza e como essa disposição assimétrica por meio do capital se tornou bem visível em torno da população expropriada dos meio de produção e os donos das fabricas, maquinas, dos meios de produção. Hoje no Brasil, isso talvez possa ter se refletido na distinção hereditária entre uma população branca e rica, e a população pobre, preta, parda e periférica.
O capital se configurou como o processo da mercadoria e o seu acumulo como distinção econômica na sociedade. Segundo Catani (1980), o capitalismo é um sistema de trocas entre mercadorias, e o mercado é o local onde acontecem as trocas do capital. Sendo assim, podemos considerar, segundo Marx (2982), a força trabalho como uma mercadoria a qual pode ser vendida e que também, sendo uma mercadoria, pode sofrer os efeitos da demanda e da oferta. Assim, por meio de Marx (1982), podemos afirmar que é do interesse do patronato burguês que haja uma grande quantidade de pessoas expropriadas e desempregadas como forma de deteriorar os salários.
Ainda, a mercadoria que o trabalhador possui para trocar no mercado não lhe permite acumulação, pois este item é intangível. Ele só tem a sua força de trabalho, por causa da expropriação dos meios de produção. Tendo só a sua força de trabalho como mercadoria, esta não lhe permite acumulação, ou seja, se o trabalhador acelerar o seu ritmo de trabalho e produzir mais vai continuar ganhando a mesma coisa e o acumulo de capital vai ficar do lado do patrão. Esse conceito Marx (1982), chama de mais valia.
Para Marx (2013):
A mercadoria não se confunde com um objeto de troca tribal, situação em que, por exemplo, um saco de alimentos não pode ser trocado por uma canoa, embora esta possa ser trocada por uma mulher. Nem se confunde com o escambo. Suas primeiras formas se encontram nas trocas regulares e por dinheiro entre comunidades separadas. Uma análise dos fenômenos econômicos deve capturar as diferentes formas dessas trocas de um ponto de vista histórico. (Marx, 2013, pg. 82.)
Parece fácil de entender, mas há uma rejeição por questões ideológicas fazendo com que estas questões sejam politizadas classificando-as como teorias de esquerda ou comunistas. A sociologia atua no esclarecimento desses conceitos considerados como polêmicos e tenta traduzir de forma mais clara para que as pessoas comuns consigam entender. Por exemplo, o que é exploração dos direitos trabalhistas, alienação e consciência de classe social etc.
De acordo com (Mills, 1959; Berger, 1986), não só os sociólogos, mas também, todas as pessoas devem se apropriar da sociologia e que todos da sociedade devem se comprometer com o pensamento crítico e social.
Para os sociólogos, parafraseando Mills (1959), é por isso que por meio da imaginação sociológica os homens esperam, hoje, perceber o que está acontecendo no mundo, e compreender o que está acontecendo com eles como minúsculos pontos de cruzamento da biografia e da história dentro da sociedade.
Sociologia e a educação
A partir da implantação do novo ensino médio nas escolas dos estados brasileiros Gabrieli et ali (2021), enfatizam os impactos na aprendizagem dos alunos com a redução da carga horária das disciplinas de Artes/Filosofia/Sociologia e, também, no desenvolvimento profissional docente dos professores das referidas disciplinas.
Atualmente, alguns professores de outras disciplinas da base comum estão assumindo nas escolas públicas de ensino médio a disciplina de sociologia. Nesse caso, seria interessante que as escolas ofereçam qualificação norteadas pelas Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio – OCNEM, e capacitação com estudos com mais afinco e fundamentado na sociologia. Sobre o que é o pensamento sociológico e como ela pode ser usada nas escolas.
Com esse intuito, a resposta à pergunta orientadora deste trabalho de pesquisa poderia servir como apoio para se abordar questões da vida cotidiana por meio da sociologia e assim, evitar abordagens unicamente históricas de autores clássicos.
Caso não seja possível a criação de um senso crítico, a imaginação sociológica acabará sendo penalizada. Sociologia é pensar, é ciência, é explorar mundos diferentes não fazendo juízo de valor.
Para Berger (1986): O sociólogo é aquela pessoa que, em busca de conhecimento, caminha pelo mundo dos homens, sem respeitar as fronteiras costumeiras. Tanto a nobreza quanto a degradação, o poder e a obscuridade, a inteligência e a insensatez lhe são igualmente interessantes. (Berger P. , 1986, p. 28)
O “pensar crítico” não é o pensamento de discordar ou criticar no sentido pejorativo, de depreciar algo, e sim, o pensamento de questionar e desnaturalizar o que é considerado “normal” pela maioria das pessoas. De perguntar: por que isso que todos nós fazemos é feito dessa forma, para que isso é feito, como acontecem a relações sociais em determinados grupos? Como é que a “religião” afeta nas decisões do Estado, por que algumas pessoas tem tanto dinheiro e outras tem tão pouco? O que é sexo e o que é gênero? Por que tem mais pessoas pretas e pardas em situação de reclusão nos presídios, e por que tem mais homens em cargos de liderança do que mulheres?
O objeto de estudo da sociologia
Os primeiros pensadores sociais influenciados pela visão positivista de Comte (2012), acreditavam na visão sistematica de uma ciencia propria para entender e interpretar a sociedade.
Durkheim (2012), foi o primeiro a propor uma metodologia própria para a ciência da sociedade. Para o autor, as ações e as relações sociais demandam de métodos próprios para serem interpretados e para que se possa captar a sua complexidade.
Para que um conjunto de conhecimentos sejam considerados como ciência se faz necessária algumas condições especificas: a existência de um método de investigação, a definição de um objeto de estudo e a construção de teorias que expliquem a realidade estudada.
O autor cunhou o termo “fato social” como objeto de estudo da sociologia. Para ele o fato social é algo externo, coercitivo generalizador. Ele parte da biologia e do funcionamento do organismo para explicar a sua teoria estruturalista. Como se a sociedade fosse um corpo com partes interdependentes e que a disfunção em um dos órgãos poderia afetar todo o equilíbrio do organismo. Ou seja, a coesão entre os indivíduos mantém o bom funcionamento da sociedade.
Basta observar a maneira com que educamos as crianças. Quando olhamos os fatos sociais como eles são e tais como sempre foram, salta aos olhos que toda educação consiste num esforço continuo para impor à criança maneiras de ver, de sentir e de agir às quais ela não chegaria espontaneamente. (Durkheim, 2012, p. 35).
Por exemplo, beber, comer, falar, a limpeza, a calma, a obediência são formas de coerção sociais de forma exterior e generalizadas que influenciam na ação dos indivíduos.
Se, com o tempo essa coerção deixa de ser sentida, é porque ela aos poucos faz com que nasçam hábitos, tendências internas que a tornam inútil, mas que não a substituem porque derivam dela, (Durkheim, 2012, p. 35).
Para o autor, são as normas sociais que servem para manter o bom funcionamento da sociedade. Sua negligencia pode ser chamada de “anomia”, ou seja, ausência de normas, quando os indivíduos decidem não mais agir de acordo com as normas sociais.
Como em toda ciência, há incongruências entre autores sobre as explicações em torno da ação dos indivíduos, objeto de pesquisa da sociologia.
Ação social segundo Weber (2009), pode ser: racional, com relação aos fins – na qual esta ação é diretamente racional, analisando-se os melhores meios para se alcançar um fim. Ação social racional relacionada so valores – são os valores políticos, religiosos, estéticos. Ação social afetiva, em que a conduta é movida por sentimentos – o amor, o ódio, a vingança etc. e Ação social tradicional – tem como fonte motivadora os costumes, ou seja, a cultura e as tradições. Essas duas últimas são irracionais.
É importante para o sociólogo que se faça uma leitura da sociologia de forma dialética, Marx (1982). Por exemplo, toda “tese” pode ser confrontada e, a partir dessa contraposição, pode surgir uma ideia contraria que vai ser chamada de “antitese”. A partir dessa contraposição pode surgir uma sintetização da teoria que vai ser o resultado da “tese” e da “antitese”. Uma ideia melhor elaborada por meio do processo dialético, a “sintese”, a qual vai se tornar uma “tese” e seguir o mesmo processo novamente.
Por exemplo, a ação social para Weber (2009), não é uma coisa objetiva, que depende de fatos externos aos individuos, a ação é subjetiva. Entretanto, a teoria da ação social de Weber, do tipo ideal não resume a sociolgia. Outros autores seguiram o processo dialético e discordam de Weber (2019), como Parsons (2010), Giddens (2016), e outros.
CONCLUSÃO
No início do curso pôde-se observar uma heterogeneidade com relação a formação dos integrantes do mestrado de sociologia do PROFSOCIO – Fundaj, e a expectativa manifestada por todos em torno da disciplina de teoria sociológica 1. Para todos, o principal desafio apresentou-se em como conciliar o trabalho com a graduação por causa do aumento nas demandas da escola e do mestrado.
A construção do conhecimento sobre a sociologia foi feita de forma gradativa, partindo de um conhecimento prévio da disciplina por parte dos alunos, seus anseios e dificuldades como docentes do ensino médio. Partindo de leituras acompanhadas e interpretadas com ajuda do professor Dr. Alexandre Zarias, seguida de discussão e debates em sala de aula.
Assim, foi possível avançar com mais facilidade na disciplina e responder à pergunta proposta no início do curso: “o que é sociologia”?
Tentar responder a esta pergunta, apesar de não ser um desafio mito simples, proporcionou o desbravamento de terrenos ainda não conhecidos na personalidade de autores significativos da sociologia brasileira, como (Martins, 2014), e a sua maravilhosa experiencia na fábrica com os trabalhadores, e a sua entrevista com os coveiros de um cemitério. Isso mostrou a sensibilidade com que o sociólogo enxerga a sociedade e os sujeitos nela inseridas. Da importância que se deve dar as coisas consideradas “simples”. Como também se pôde experienciar o contato com autores da escola alemã, francesa, americana e muitos outros. Todos autores clássicos e influentes para a sociologia.
A discussão sobre o casamento em uma das aulas foi sem dúvidas um dos aspectos mais importantes da quebras de paradigmas em relação ao senso comum. O qual o sociólogo tenta de toda maneira evitar, porém, por se encontrar dentro do seu objeto de estudo, que é a sociedade, está sujeito a todo momento a informações infundadas. E essa talvez seja uma das tarefas mais importantes para a sociologia e as ciências sociais, a desconstrução do senso comum.
Por exemplo, a pergunta no terceiro encontro: em que mês são realizados a maioria dos casamentos? Assim como na aula, essa pergunta pôde ser levada para o ensino médio e dar início a uma discussão muito proveitosa sobre a sociológica. De acordo com o senso comum é no mês de maio que as pessoas mais se casam, porém, os dados estatísticos apontados na aula mostraram que é o mês de dezembro. Uma simples busca no site de IBGE foi o suficiente para desvendar esse fato. A sociologia é isso, pesquisar, desvendar fatos, desconstruir o senso comum, analisar dados entre outras tarefas importantes.
Para Luckman & Berger (2014), a realidade é construída socialmente, cada sujeito vai interpretar a realidade social a parti do conhecimento que construiu ao longo da sua vida.
Para algumas pessoas a interpretação do clima e do tempo, por exemplo, podem ser entendidas como sendo uma decisão de uma força superior e isso pode interferir na sua ação consigo mesmo e com as outras pessoas. Se trata de um conhecimento de senso comum, não cientifico.
Porém, o conhecimento popular do homem da rua para Martins (2014), é um conhecimento importante para a pesquisa sociológica. O trabalhador do chão de fábrica, ou do coveiro que trabalha no cemitério e consegue, mesmo sem o conhecimento da sociologia, entender uma disposição de classes sociais nas formas em que são postas as ruas e os maozoléus, de modo que os mais ricos são mais bem cuidados e ficam nas ruas principais enquanto que os mais pobres ficam em locais menos cuidados e mais distantes.
Essa reapresentação da sociologia foi bastante significativa, transformadora e inspiradora para a atuação na sala de aula do ensino médio.
A sociologia é isso, é a compreenção e a interpretação da sociedade. É uma ciencia que proporciona o entendimento das ações, objetivas e subjetivas, dos individuos. Que nos proporciona um senso critico e nos faz questionar detrmniadas siuações, poiticas, religiosas, culturais e economicas. Sociologia é uma disciplina e não está diretamente relaciona ao autruismo. Mas, se preocupa em entender as desigualdades sociais, a má distribuição de renda, o suícidio, o crime, a exploração do trabalho. Então, reafirmando (Mills, 1959), a sociologia é muito importante para ficar só nas mãos dos sociólogos.
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