Alexsandro Araujo
Quem são os jovens e quais são as juventudes religiosas que se apresentam no cenário religioso brasileiro? A definição de juventude se torna uma coisa diversificada diante de uma variedade enorme de culturas e costumes diferentes. Não podemos nos referir ao termo de forma singular e única e sim no plural, diversificado – juventudes.
Por meio da utilização da tecnologia e das redes sociais, mudanças de costumes, influenciadores na internet, influencias de “K-pop” e do engajamento político juvenil, pode-se dizer que houve uma transformação no que se conhecia como “juventude religiosa” em relação as tradições católicas cristãs, religiosas e protestantes de antigamente.
A autora aborda o período de fevereiro de 2020, quando a China e o resto do mundo estavam preocupados com o corona vírus, no Brasil, em vários países jovens estavam lotando estádios por meio do evento conhecido como “The Send”. Houve algumas questões em busca de encontrar respostas teológicas, culturais e políticas em torno do evento: é possível “produzir” avivamento como pretende o evento? Convém que chefes de Estado participem? Os jovens evangélicos devem, afinal, pregar sua religião para outros povos? Seriam todos eles uma “massa de manobra” política?
Ou seja, em tempos de “dilema das redes” sociais esses jovens ignoraram a pandemia e utilizaram o Twitter para gerar o engajamento do evento – The Send. Termos como: “avivamento”, “calvinismo”, “arminianismo”, “a Grande Comissão”, “predestinação” foram os mais levantados pelas “hashtags”.
Por meio de termos como o “Web amigo”, gostos em comum por culturas coreanas e a necessidade de interagir nos espaços virtuais cunhou-se o termo: “Webcrente”, no entanto, segundo a autora não é possível saber quando exatamente o termo foi criado.
Pôde-se perceber a partir do texto que os “Webcrentes” têm suas referências, seu time de influenciadores que são: artistas, pastores e acadêmicos que, via de regra, protagonizam os debates, alguns com mais de 120 000 seguidores somando o Instagram e Twitter. Como se referiu o Micó-Sanz (2020), no texto Mapeando Juventude e Religião Global, ao citar Couldry (2006), como os meios de comunicação enquadram a experiência social e definem qual é a realidade da sociedade.
Esse novo modo de abordar a religiosidade também quebra um costume, não é mais necessário ser um pastor ou alguém com títulos para compartilhar sua experiência para os fiéis basta ser influenciador. Pode-se dar dicas de livros, citar versículos bíblicos e fazer reflexões de cunho cristão, dicas de moda e “lifetyle” etc. Até filtros e brincadeiras no “Tik Tok” são permitidas.
Como a pesquisa aponta no texto de Micó-Sanz (2020), a cultura e o consumo como interesse dos jovens. Segundo o texto, “estes jovens estão passando da adolescência para a vida adulta e tornando-se consumidores em massa. Os resultados são novos valores e novas formas de encarar a religião, (Micó 2020, apud Kimball, 2019).
É uma comunidade de jovens que está entre seus 17 e 28 anos e buscam se identificar como quem “está formando sua consciência política em plena polarização, tentando conciliar a fé com os desafios contemporâneos”, (Igor Sabino, da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE). Por causa dessas configurações a discussão de temas polêmicos como racismo, por exemplo, tem mexido com as estruturas do grupo “Webcrentes”, talvez pela falta de maturidade desses jovens em lidar com temas públicos, política e religião. Por exemplo, por causa da polarização política, há uma tendencia em ver que quem defende o direito de igualdade é de esquerda. Entretanto, segundo a autora, este crente contemporâneo não rejeita o debate moderado, e sempre haverá conflito se um pastor fizer o antigo combo de reacionarismo e fé”.
Para finalizar, o Silas Malafaia, o líder da Assembleia de Deus aparece entre um dos influenciadores mais influentes. Os organizadores do evento reconhecem alguns pontos positivos como apoiar causas sociais, mas percebem que o palco também dá espaços para oportunistas do meio politico querendo se aproveitar da fé como cita o caso do ex presidente Jair Bolsonaro, que já se converteu umas dez vezes.
Bilbiografia
Maria Clara Vieira. (04/10/2020.) Webcrentes: quem são os jovens evangélicos que movimentam a internet. Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/webcrentes-quem-sao-os-jovens-evangelicos-que-movimentam-a-internet/. Acesso em: 07/05/2024.
Josep-Lluís Micó-Sanz; Miriam Diez-Bosch; Alba Sabaté-Gauxachs; Verónica Israel-Turim, (2020). Mapeando Juventude e Religião Global. Big Data como lente para visualizar um futuro de desenvolvimento sustentável.
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